Cigarro e a Radioatividade

O cigarro comum é um produto composto inicialmente por cerca de 600 substâncias diferentes. Digo inicialmente, porque, ao ser aceso, o processo de combustão gera uma quantidade imensa de novas substâncias, fazendo com que um simples cigarro e sua fumaça contenham mais de 7000 substâncias químicas diferentes. Destas, 400 são sabidamente tóxicas e, pelo menos, 70 são reconhecidamente carcinogênicas, isto é, capazes de provocar câncer.

Dentre as centenas de substâncias nocivas do cigarro, podemos citar a acetona (usada como solvente de esmaltes, tintas e vernizes), amoníaco (utilizado em produtos de limpeza e fertilizantes), arsênio (presente em venenos de rato, inseticidas e herbicidas) e o monóxido de carbono (gás tóxico que sai dos escapamentos dos carros).

Apesar das informações acima já serem suficientes para afirmar que o cigarro é um produto extremamente tóxico e perigoso, por incrível que pareça, a realidade é ainda pior. Além de todas essas substâncias químicas tóxicas, o cigarro também contém substâncias altamente radioativas, como o polônio-210 e o chumbo-210.

Polônio-210
Chumbo-210

Quantidade de radiação recebida por um fumante

Os cigarros são radioativos porque contêm polônio-210 e chumbo-210. Esses elementos penetram nas lavouras de tabaco por causa do tipo de fertilizante habitualmente utilizado para o seu cultivo. Uma vez que a folha de tabaco absorva elementos radioativos, não há como retirá-los.

Estudos científicos publicados nos últimos 50 anos mostram que uma pessoa que fuma diariamente um maço e meio de cigarros ao longo de um ano recebe cerca de 4,6 mSv de radiação causada pela presença de polônio-210 e chumbo-210 . Essa quantidade de radiação, que é cerca de 50 a 100% maior que a radiação natural de fundo, não parece, à primeira vista, algo muito grave. O problema, porém, é a forma como esses elementos radioativos se acumulam no pulmão. Nos fumantes, o alcatrão presente no cigarro tende a se depositar nas áreas de bifurcação dos brônquios, absorvendo consigo quantidades relevantes de polônio e chumbo radioativos.

Esse acúmulo de material radioativo nos brônquios expõe o pulmão do fumante a níveis elevados de radiação. Um pessoa que fuma cerca de 30 cigarros por dia (1 maço e meio) chega a receber ao longo do ano uma radiação de 80 a 160 mSv em determinados pontos do pulmão. Reparem na gravidade dessa dose de radiação. Se usarmos a estimativa mais baixa de radiação (80 mSv por ano), ainda assim o consumo diário de 1,5 maço de cigarros por ano equivale a:

  • Radiação cumulativa equivalente a 4000 radiografias de tórax.
  • 444 vezes mais radiação anual que um trabalhador de uma usina nuclear recebe.
  • 40 vezes mais que a radiação natural de fundo.
  • 4 vezes a dose anual máxima permitida para pessoas que trabalham com radiação.

Fonte: https://www.mdsaude.com/dependencia/cigarros-sao-radioativos/