Instituto usa energia nuclear para desinfectar máscaras que serão doadas em Paraisópolis
Especialistas em energia nuclear começaram na tarde desta segunda-feira (13) a desinfectar máscaras que serão doadas para moradores da comunidade de Paraisópolis (zona sul da capital paulista), a partir desta semana, por causa da pandemia do novo coronavírus
Projeto na comunidade pretende doar 50 mil máscaras até o fim do mês aos moradores da favela da zona sul de SP
Especialistas em energia nuclear começaram, na tarde desta segunda-feira (13), a desinfectar máscaras que serão doadas para moradores da comunidade de Paraisópolis (zona sul da capital paulista), a partir desta semana, por causa da pandemia do novo coronavírus.
As máscaras foram feitas pelo projeto Costurando Sonhos que pretende, até o fim deste mês, esterilizar e doar cerca de 50 mil máscaras a moradores da comunidade que se encaixam nos grupos de risco, como idosos.
Segundo Pablo Vasquez, pesquisador do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, cerca de 1.500 máscaras foram expostas à radiação, dentro de um equipamento chamado de irradiador multipropósito de cobalto 60, na tarde desta segunda.
Os insumos serão retirados do instituto e levados a Paraisópolis, pelo projeto, nesta terça-feira (14)
O equipamento usado para esterilizar as máscaras, ainda de acordo com o especialista, funciona da seguinte forma. Dentro dele há uma piscina com capacidade para 30 mil litros e sete metros de profundidade, coberta com gradis de metal. No fundo da água, são mantidos bastões de cobalto, que têm a radiação inibida por estarem submersos.
“Quando precisamos expor algum objeto à radiação, os bastões de cobalto emergem da água, como se fosse um elevador, e agem nos objetos deixados dentro da câmara do irradiador. Qualquer forma de vida que estiver nos objetos, morre”, disse Vazquez.
O pesquisador, que também é professor do programa de tecnologia nuclear da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que demora cerca de duas horas para que vírus, incluindo da covid-19, morram por causa da radiação, que atinge inclusive objetos embalados.
Ele disse ainda não haver riscos à pessoas após a exposição das máscaras ao cobalto. Segundo Vasquez, os insumos ficam esterilizados, após à radiação, e necessitam somente ser lavadas com água e sabão, após a utilização.
O irradiador usado nas máscaras de Paraisópolis é geralmente utilizado para esterilizar equipamentos cirúrgicos, principalmente usados em transplantes, e também pela indústria alimentícia — para exterminar qualquer tipo de bactéria.
50 mil máscaras até o fim do mês
Suéli do Socorro Feio, idealizadora do projeto Costurando Sonhos, afirmou que em todas as segundas-feiras deste mês serão encaminhadas máscaras ao Ipen, para que sejam expostas à radiação. A meta do projeto, acrescentou, é a de que sejam confeccionadas cerca de 50 mil máscaras até o fim de abril, que serão distribuídas em Paraisópolis.
“Na próxima segunda-feira, pretendemos encaminhar ao Ipen bem mais do que 1.500 máscaras. Temos 12 costureiras empenhadas para que essa meta seja cumprida. Cada uma delas produz por dia, em média, 150 máscaras”, afirmou. As profissionais recebem pouco mais de um salário mínimo para se dedicarem exclusivamente ao projeto.
Para a produção, foram doados ao Costurando Sonhos, por pessoas ligadas ao mundo da moda, cerca de 300 metros de tricoline 100% algodão, com camada dupla.
A distribuição das máscaras será feita por meio de informações repassadas por 420 voluntários, que cuidam cada um de um ponto da comunidade da zona sul.
Fonte: Agora/Folha/UOL